Saturday, January 2, 2010

o casamento gay

vou falar disto aqui porque me apetece desabafar publicamente
normalmente nao me pronuncio muito sobre assuntos gay porque acho que sao uma falsa questao
tambem nao vou comentar a opiniao da igreja catolica porque o papel da igreja em tudo é tao ridiculo que soh conseguia dizer palavores
as razoes da falsa questao sao as de sempre
nao há escolha na sexualidade com que se nasce
ou se é uma coisa ou se é outra
ou é-se as duas
o resto é soh ter que sobreviver numa sociedade hetero

eu nao optei, nao escolhi, sou assim
gay ou homossexual ou panasca (depende das visoes)
já vi coisas no mundo diferenciado das sexualidades que me espantaram bem mais que a minha propria condicao
vi vidas destrocadas de pessoas que nao se encontram porque sao as duas coisas
amigos que morreram de sida por nunca terem admitido que o eram e como tal o sexo é levado ao limite do escondido gerando situacoes extremas
o mais horrivel foi conhecer alguem, lesbica no caso, que tem uma atraccao fatal (para ela propria) por "peixeiras", o que ela chorava e sofria, a depressao imensa em que vivia SEMPRE, porque nunca teve, uma vez na vida que fosse, coragem de o confessar á pessoa por quem nutria a paixao
em qualquer destes casos a escolha nunca foi sequer uma questao, ninguem escolhe isto
e eu obviamente nunca julgo o que as pessoas nao escolhem sentir

resta-me referir que lutei, ingloriamente, durante 30 anos contra esta "escolha" e deixei de facto muitos ossos no caminho, e uma mulher que amei como pessoa, e ainda hoje amo (como amo muitas) e a quem destrocei a vida soh pela minha condicao

agora o resto

tenho lido sobre a discussao do casamento gay em portugal
parece que o problema maior é chamar casamento
sobre este pormenor vou referir o que se passou comigo
a primeira vez que amei alguem no meu verdadeiro sentido do termo
foi obviamente um homem, que passou a ser a minha casa,
mesmo que tenhamos passado um ano a dormir em casa de amigos
soh para poder dormir
porque precisava da presenca dele como de respirar
fez-me sentir pela primeira vez na vida
o sentido da palavra
familia
no momento em que tudo gerava em voltar com ele
por pensar com ele
a minha vida, a vida dele
a nossa vida
ele passou a ser a minha familia
depois tinha também a minha mae irmaos etc
mas os dois eramos
familia
mesmo sem papel senti que gostava de casar com ele
para celebrar e convidar os amigos nesse caminho bonito
que tivemos juntos
de uniao, de respeito
de amor

nem sei se consigo explicar isto
mas quando acabamos,
o amor acabou dentro de mim nem sei como,
mas tambem nao sei como comecou (foi a minha mae que lembrou este pormenor para eu conseguir aceitar que tinha acabado naturalmente)
acabei no hospital porque nao comi nada durante 2 meses
foi preciso a minha mae mover mundos para ele poder ver-me internado
e o que me aconteceu foi interior a mim
perdi a familia e destrocei-lhe a vida
como nao podia mentir-lhe (porque ainda hoje o amo, como amo muitas mulheres) tive que lhe dizer que nao amava mais
como em qualquer casamento o meu caso nao se diferencia de todos os que conheco nos meus amigos hetero
e nao me venham com os filhos porque eu mesmo sozinho
teria educado bastante melhor muitos dos filhos que conheci e que me passaram pela vida como professor e mesmo entre pessoas amigas
importa sim evitar casos como os que tenho presenciado de pessoas gay com quatro filhos, uma vida de mentira, uma mulher infeliz e 4 filhos que ainda hoje nao sabem o que lhes aconteceu

fica a pergunta que queria fazer no inicio deste lencol de palavras
será assim tao importante o nome?
é
porque casamento é o que eu vivi
e confesso
ainda hoje quero casar
com um homem
se ele aparecer

p.s. - desculpem a ausencia de acentos mas o teclado nao tem, e tolhe-me o juizo escrever assim

6 comments:

Unknown said...

sera que fui longe demais?
este silencio ensurde-se-me.

Susana Serrano Pahlk said...

Não! Mas é como dizes, é uma falsa questão. Alguma vez me viste a discutir o sexo dos anjos?
Nunca te esqueças que sou a comentadora de serviço, nomeada por ti. Vai daí... no comments!

pombamarela said...

não podia estar mais de acordo contigo Ri.
Acho que sim, que isto já devia estar mais do que decidido.
Também sou completamente a favor da adopção, ser mãe ou pai é muito mais do que fazê-los ou pari-los, é amor, é disponibilidade, é abdicação e dedicação, é muito muito mais

Unknown said...

Obrigado Ana. Um beijo imenso

Carlos Araújo Alves said...

Ricardo

Já nos conhecemos há muitos anos, mas conhecer foi pouco porque a tua sexualidade nunca a confessaste.
Gozei contigo em bom português, gozando com a paneleiragem e tudo o mais que a bregeirice nos conduziu, mas, repara, reparo eu agora, e olhando para trás, que chamem paneleiro a muita gente, mas nunca a um homossexual.

Embrenhando-me em ti, sabes que de pequeno me arrepiam manifestações homossexuais dirigidas a mim, mas fora isso, ou melhor, retirando a prática sexual,a homossexualidade em nada me incomoda, porque entendo que não natural será a ausência de sexualidade. Quem ama, ama também sexualmente, e que sexo poderá amar cada um saberá.

Daqui segue um abraço, seguro, firme, como sempre, para um grande amigo, a quem continuo a almejar que seja feliz.

Unknown said...

Obrigado Ticha. Beijo (lol)