Friday, April 25, 2008

25 de abril



sem isto nada teria sido feito
nenhum de nos podia argumentar
pensar, sentir, falar

sem isto, o monstro teria sido bem pior que todos os Socrates
os Cavacos, e toda a borralheira que fede sempre quando chega ao poder
nao existiriam sequer os Pachecos Pereiras dos bairros obvios

sem isto nao havia a musica toda que aconteceu depois
perdiamos o Sergio, o Branco e o Canibal
nem nunca tinhamos visto o Salo do Pasolini na Rtp2

pode ser que seja um orgulho sozinho
mas neste dia sabe-me sempre a mais
mudo o paladar

hoje devia comecar a primavera outra vez


beijos a todos

P.S. - tudo o que escrevi aqui jah hah muito foi escrito por muita gente, para perceberem melhor leiam o que o Carlos Araujo Alves(soh mesmo ele para incendiar a minha cabeca) postou no blogue dele e sobretudo oucam isto do Jose Mario Branco que estah lah.
Parem a cozinha, o aspirador e a televisao, parem para ouvir isto. Eh tempo ganho

Wednesday, April 16, 2008

fome de femme

estava em Reading a trabalhar no Casino mas ainda como empregado de mesa, de bar, de restaurante e na cozinha, quando recebi um convite para ir tocar com a Ana Deus nas quintas de leitura do teatro do campo alegre em Outubro de 2003
lah arranjei maneira de ir a Portugal por 6 dias, para poder ensaiar com ela antes do espectaculo

a ana tem sempre surpresas, e queria cantar uma cancao que ela fez para um filme do Joao Canijo mas que para o filme nao ficou completa

foi para mim um milagre ter conseguido vestir a cancao desta maneira, na altura fiquei muito surpreso com a letra da Regina Guimaraes porque estah em Francugues e diz assim:

Fome de femme

Soif de vingança
fome de apetit
pour remplir la pança
cada coisa tem seu prix

se barato é o silence
mais caro sera le cri
neste pays da França
chacun olha por si

Et si le corps acordar
un jour de rabo para o ar
bendita seja esta force
personne ne peut la parar

encontro muito isto nos raros portugueses com que me cruzei aqui em Southampton
mas a mistura eh com o ingles
nao raro tambem encontro-me a pensar em ingles e a misturar palavras portuguesas pelo meio

quero partilhar aqui esta musica que acho sublime


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e aqui estao as duas numa foto que tirei emprestada da ana


espero que gostem

Monday, April 7, 2008

o sindroma do tungestenio

obviamente eu nao faco parte desta tabela periodica
sou louco, por tudo, um pouco
mas gosto de quimica, dos processos

sou agnostico porque faco parte da miseria de Deus
e
porque conheco o sublime

gosto do nao estar
do nao pertencer
do que

estou, tambem, doente
no que ahs cabecas diz respeito
porque preferia gostar de uma qualquer novela
algo que nao passa pelo Mozart ou pelo Bach

queria encontrar uma forma de ser eu
mas sou descontinuado, contrafeito, contra as regras

amo sempre o que nao quero amar
doi-me sempre o que nao parece existir
e
passo-me

beijos

partilhar leituras

O NOME, EVITARAhS O NOME, A IDEIA.
Esquece Itaca, ao contrario do que dizem
Nao lembres esse porto, nao o pisem
Teus pes na mente mais, desfez-se a teia.
Marujo que ontem foste hoje es da terra,
Em terra as velas plenas nao as chames,
Na noite do delirio nao o exclames,
O nome, a lingua morde, os dentes cerra.
Nao digas Em memoria o sonho o sigo
Que o sonho eh futuro sem memoria;
Diz antes Nao sou digno desta historia
Nem deste vasto ceu, do mar indigo.
Aceita a tua sorte, ahs aguas lanca-a.
Alija o lastro, o cabo corta, avanca!

Daniel Jonas, Sonotono, Poesia, edicoes Cotovia
(com autorizacao expressa do autor)

(avanca?com cedilha, obviamente 'que nao tenho'?)

mais uma vez sou 'obrigado' a partilhar algo que li; pela simples razao do portugues, ou da mensagem, ou, porque eh tao farto. Tenho que partilhar.
aqui fala o "Daniel Jonas", amigo de peito, do cabrito, de Portugal, dos Depeche Mode, que conheci na primeira vez que fui convidado para fazer musica nas "quintas de leitura" do teatro do Campo Alegre". Foi uma noite que nao esqueco porque o unico poeta que nao quiz trabalhar comigo foi mesmo ele. Apesar de tudo, foi dele que mais gostei, e por alguma razao implausivel, ele gostou de mim, ao piano.
com as garantias devidas, deixo-vos isto, para lerem, para se suicidarem se tiverem coragem, ou mesmo para dizerem o 'credo'.
o livrinho chama-se sonotono (com acento no segundo 'o'), a capa eh cinzenta, diz DANIEL JONAS, depois tem uma linha branca, depois diz o nome do livro (que eu jah disse).
Depois no permeio final, embora em maiusculas diz, POESIA.
No canto inferior direito tem uma mancha de um passaro (edicoes cotovia) que nem melro nem corvo, mas que as patas parecem sonegar mais uns parcos meses de viagem.

na pagina 48 , livro aberto, pagina da esquerda
escreve assim o Daniel este soneto.
(os acentos teem convenientemente um "H" porque o meu teclado nao tem essa estupidez portuguesa, jah nem falo das cedilhas porque soh me apetece dizer proh c...) claro que vos imagino a ler "itaca" com acento no 'I', senao dou um tiro nos melros.