Saturday, March 5, 2011

as àrvores das minhas janelas (4)

eis-me pois no sossego das pantufas
que ainda não tenho
descalso vou portanto às janelas
o sofá apetece-me quando não me sento
e faço tortilhas
olhas para mim e vejo o teu respirar
a roupa seca no frio tresmalhado
deste norte

vou no tempo sem tempo
ouço sempre isto quando aqui te vejo

pelo caminho subo as escadas e olho o teu frio
aqui, do repouso

depois, toco piano
os novos e ainda intrincados momentos
desta descoberta feita eu

abro as portinhas atrás de mim
para ver como vai a sopa
depois
revejo os amigos que não vejo aqui
estão do outro lado do mar
onde pousa o meu ser
e o meu intimo
e até as lágrimas se comportam melhor
o tempo chegará para me ouvir de novo
num quaquer palco
até lá sobra-me a música
que me sobeja nas fontes
e varre as marés
esta é a última

deste filme que me propuseram
chamei-lhe alentejo

por hoje beijo os caminhos que ainda vou percorrer
deixo às mãos os sábios passos do piano
sem querer passou a ser o rumo
da alma
a minha

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