Thursday, July 16, 2009

sentidos

já nada me tira
a fome
a sede
o sono

nada me tira também
o cansaco
as dores no lado esquerdo
e esta ira que não sai

hoje tento tudo
não me tento a nada
só me sinto perder tempo
algo que poderia ter sido precioso
morre na maré

os sonhos são confusos
sonhos de perda de nada
sonho com paciência
vendo o que não me identifica
e nem o que com me podia identificar
já nem mesmo sei se são sonhos
ou estava acordado sem conseguir parar de pensar

queria deixar a net
ter pessoas para ver e falar
mas parece tudo irreal
como aqueles espaços com 200 pessoas
cada uma com o seu computador
a tentar falar com alguém que ali não está

que festa não seria se alguém cortasse a corrente

estou a precisar de campos de milho
com floresta ao fundo
uma raposa a passar
um coelho a fugir
e este melro que não pára de me atazanar

Wednesday, July 8, 2009

hoje

apetecia-me morrer ao sol
de barriga espraiada
na meia-praia,

com Lagos ao fundo
a ouvir o zeca a cantar os índios

sentir de novo aquele cheiro a algarve

amanhã
queria ir à praia da batata

dar um mergulho naquele mar
e ficar que nem rissol na areia
ao fim da tarde ia ao grémio tocar piano
para depois grelhar os chocos no braseiro, com pimentos
tomava então um café na esplanada de sta maria

e dançava um pouco no eléctrico

se te visse
dormia em tua casa
acordava ao som da cigarra
cortava o pão em fatias
com manteiga

voltava então à praia
descendo ao porto-de-mós

para voltar a morrer

ao sol